“Eu sou um burro” “Eu não consigo aprender nada” “Na escola me chamam de burro, de copião, de mental”
Estas frases foram ditas repetidas vezes pelo nosso pequeno guerreiro principalmente no ano passado e início deste ano. Nos últimos meses, diante da nossa postura em relação à escola e principalmente depois do diagnóstico de déficit de atenção e dislexia, do tratamento que passou a receber, percebemos o fortalecimento de sua auto-estima, logicamente, ainda há momentos de recaída.
Ele tem apenas 8 anos e já passou por tantas coisas na escola, tantos profissionais incompetentes, vivenciou tantas atitudes desorientadas dos pais e isto realmente deixou uma marca profunda no nosso lindo e valente guerreiro.
Em casa sempre elogiamos muito nosso pequeno, acreditávamos que com nossas atitudes ele teria uma auto-estima elevada e também por ser um filho tão amado e querido. Infelizmente, mais uma vez nos enganamos! Sem percebermos fizemos cobranças excessivas, principal e exclusivamente, em relação ao dever de casa. Estas cobranças foram reflexo das cobranças que a escola nos fazia. Para nós, as cobranças que sofremos da escola, que equivocadamente repassamos para nosso pequeno, são frutos da incapacidade da escola de perceber um problema que, segundo especialistas, atinge cerca de 10% da população e ainda tem comorbidade com outros problemas, mas este assunto será tema de outro post.
No entanto, se em casa nosso pequeno foi pressionado, na escola foi muito mas muito mais. Aos 5 anos a primeira reclamação “Eu sempre sou o último a terminar as atividades”, aos 6 “os meninos ficam rindo porque eu, o x e o y sempre somos os últimos”, aos 7 a situação agravou “Todos dizem que eu sou burro e nem querem brincar comigo”.
Nós jamais ignoramos quaisquer destas reclamações, corremos atrás de diversos especialistas (leia a sessão Escolhendo Profissionais), conversamos muitas vezes na escola, mas infelizmente faltou habilidade de todas as partes. Inicialmente, diziam que nosso pequeno era super protegido e precisava ser mais independente, depois que era pouco estimulado, era pouco cobrado pelos pais, que parecia preguiçoso, desinteressado, insinuavam problemas, mas sem qualquer objetividade... Ouvíamos tudo aquilo,ficávamos perdidos, carregávamos muita culpa, tentávamos seguir as orientações mesmo achando um pouco estranho.
Por muito tempo tivemos uma postura passiva diante da escola e dos profissionais, até que ano passado demos um basta! A auto-estima do pequeno despencou de vez, mesmo com o tratamento com uma psicóloga de “renome”. Ele passou a reclamar com mais intensidade que não tinha mais amigos na escola, que era chamado disto e daquilo, dizia que odiava escola, que era mesmo um burro, etc. Percebemos que não adiantava esperar nada da escola nem daqueles profissionais, começamos a ler bastante sobre os problemas de aprendizagem, a observar mais atentamente o comportamento do pequeno diante das tarefas escolares e das outras crianças.
Assim, em outubro do ano passado, marcamos uma reunião na escola, salvo engano a 5ª a nosso pedido. Solicitamos a presença da psicóloga - por incrível que parece ainda não conhecíamos – da professora e da coordenadora. Fizemos um documento, segue parte do seu conteúdo “.... Diante disso, chegamos a conclusão que a forma como as crianças do (nome da escola) tratam o (nosso guerreiro), está diretamente relacionada a forma como escola lida com as dificuldades de aprendizado do nosso filho. Na sala de aula ele é repreendido na frente dos colegas por não fazer o dever, as crianças continuam vendo as notas ruins que ele tira e ele continua sendo chamado de burro, besta quadrada, retardado mental, ... Continuam dizendo que ele só tira nota baixa, ele é chamado de copião por que cola dos colegas nas provas por não saber, é criticado porque a leitura é lenta, etc.
Enfim, esta é a conclusão que chegamos sozinhos porque a escola jamais nos chamou para dizer se o problema de socialização do (nosso guerreiro) está relacionado a agressividade, infantilização ou qualquer outra coisa, a escola simplesmente diz que está tudo bem...”
Logicamente, falamos tudo com a maior educação possível, mas muitas vezes tivemos que nos segurar para não voar na professora com aquela cara de inocente. Por incrível que possa parecer, a partir deste dia, nosso filho começou a receber um tratamento diferenciado da escola. Hoje ele ama a escola, diz que a aula passa depressa, tem alguns amigos, etc.
Acreditamos que nossa postura de cobrança em relação à escola e o diagnóstico correto estão sendo fundamentais na recuperação da auto-estima do nosso pequeno.
Cabe ressaltar a importância da presença do pai e da mãe nas reuniões, infelizmente as escolas tendem a achar a opinião da mãe emocional demais, esta foi a recomendação que recebemos de uma profissional e que passamos a seguir sempre que possível.
Outro ponto importante, percebendo que o filho tem problemas na escola solicite uma reunião, não fique esperando! Também tenha sempre em mente que a escola não pode ficar apenas cobrando dos pais, ela também tem as suas obrigações que vão muito além do cumprimento de conteúdos e carga horária.
Enfim, o jogo continua...
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Prezada
ResponderExcluirPassei por um problema semelhante e no primeiro momento tomei um baque, mas passado tres dias
mandei uma notificação para a escola exigindo providencias, tomaram um susto. E disseram que iriam tomar providencias.
Aguardei por uns dois meses como nada mudou, contratei uma psicopedagoga que alfabetizou a minha filha
Agora a justificativa é que a mesma está trocando letras, gozado a atitude da escola é passiva, a culpa nunca é dela e sim dos demais
Abraços
Katia