Encontramos esta notícia em um site de neurociências. Estudos como este derrubam discursos pessimistas de alguns que se intitulam estudiosos da dislexia.
http://www.neurolab.com.br/news/index.php?news_id=236&start=0&category_id=&parent_id=0&arcyear=2008&arcmonth=8
Programa intensivo de ensino consegue modificar cérebro de alunos disléxicos
Cientistas da Universidade Carnegie Melon, de Pittsburgh demonstraram como em alunos com problemas graves de leitura e compreensão, áreas do cerebro que estavam inativas podem ser ligadas com treinamento.
Os alunos, todos do quinto ano, foram avaliados através de técnicas especiais de ressonância nuclear magnética antes e após o período de recuperação Os exames permitiram aos pesquisadores determinarem através da medição do fluxo sanguíneo para o cérebro, durante as atividades escolares, os padrões de ativação.
Nos alunos classificados como disléxicos, determinadas regiões do cérebro eram menos ativadas. A area parietotemporal mostrou padrões bastante diferentes entre os alunos considerados normais e os com dificuldades de leitura.
Como os cientistas acreditavam na plasticidade, ou seja, na capacidade do cérebro humano de se adaptar e ativar regiões que antes não eram muito utilizadas, um programa especial de reforço foi traçado para essas crianças.
Foram 100 horas de treinamento especial em leitura e compreensão. O objetivo era superar a dificuldade de associação entre os sons das letras e suas formas escritas.
Outra descoberta importante do estudo foi a de que somente 10% das crianças apresentavam problemas visuais e dislexia, o que diverge da crença comum. Os exames de ressonância foram aplicados antes e após o reforço e um ano após. Todas as crianças do quinto ano foram submetidas a mesma bateria de testes para permitir a comparação.
Após o treinamento e no exame de revisão com um ano, as crianças disléxicas que tinham recebido o reforço especial mostravam padrões cerebrais semelhantes aos das crianças ditas normais. Esse estudo mostra que o cérebro humano é capaz de ser "reprogramado" com estímulos especialmente dirigidos e permitir que todos possam demonstrar suas potencialidades.
O trabalho em questão está publicado na edição de agosto da revista "Neuropsycologia
domingo, 23 de agosto de 2009
Fatos Fudamentais
Em julho, na última reunião da escola, a professora informou que a partir de agosto as crianças começariam a decorar os fatos fundamentais - adição e subtração - disse que enviaria fichas para serem decoradas. Mas como no ano passado o pequeno se recusou a olhar as tais fichas, resolvi fazer um DVD com os fatos usando os personagens que ele mais gosta Star Wars, X-Men, Harry Potter, etc, assim ele pode ficar na frente da TV estudando. Deu um trabalhão, já gravei um dvd, mas agora resolvi fazer algumas modificações, vai ai a primeira versão.
Vencendo mais uma batalha
Vencemos a primeira batalha contra os problemas de aprendizagem do nosso pequeno guerreiro quando, em abril deste ano, recebemos o diagnóstico de déficit de atenção e dislexia.
Depois de mais de dois anos, de uma árdua caminhada, encontramos profissionais competentes. A partir de então, com a medicação e o tratamento psicopedagógico correto, pela primeira vez, começamos a colher os frutos do tratamento. Em maio já percebíamos uma melhora significativa, a psicopedagoga elogiava o esforço do pequeno e nossa felicidade aumentava a cada dia.
Em meados de julho, recebemos o relatório da escola, esperávamos um relatório que demonstrasse a evolução do nosso pequeno, mas foi um verdadeiro “balde de água fria”. O relatório continha pouquíssimo pontos positivos. Tivemos a impressão que a escola tinha ignorado completamente o diagnóstico de dislexia e déficit de atenção, bem como as recomendações do médico, pois em nenhum momento citaram os diagnósticos, apenas ressaltaram a leitura lenta, a dificuldade de entendimento do que lê, as trocas de letras, etc... Ressaltaram problemas que são inerentes aos disléxicos, sem citar o diagnóstico, sem citar a evolução que percebíamos, ficamos extremamente decepcionados.
Sinceramente, num primeiro momento, sentimos vontade de manifestar nossa indignação com o relatório, assinado pela professora e pela coordenadora - mas como professora deste ano sempre foi muito carinhosa com o pequeno, como no ano anterior havíamos tido muitos enfrentamentos com a coordenadora - resolvemos deixar passar.
No entanto, levamos o relatório para psicopedagoga que também ficou decepcionada, ela argumentou que muitas vezes a escola tinha dificuldade de aceitar e reconhecer a evolução de um aluno, principalmente, quando a solução para resolver o problema não havia partido dos membros da escola, etc. Argumentou também que o importante era que nós estávamos percebendo evolução do pequeno, disse para não comentarmos nada sobre o relatório na escola, etc. Concordamos com ela, mas ainda assim ficamos extremamente magoados com a escola.
No entanto, na quarta-feira desta semana, ao deixarmos o guerreiro na escola, a professora nos chamou e disse que a evolução do nosso pequeno era impressionante, disse que ele praticamente não precisava mais de ajuda nas provas, era um dos únicos que lembrava de elaborar respostas completas, estava muito bem em matemática, que até os professores de aulas especializadas (artes, música, ed. física e informática) estavam impressionados com ele. Oh meu Deus! Quanta alegria! Quanta satisfação! Vencemos mais uma batalha, mas a luta continua!
Depois de mais de dois anos, de uma árdua caminhada, encontramos profissionais competentes. A partir de então, com a medicação e o tratamento psicopedagógico correto, pela primeira vez, começamos a colher os frutos do tratamento. Em maio já percebíamos uma melhora significativa, a psicopedagoga elogiava o esforço do pequeno e nossa felicidade aumentava a cada dia.
Em meados de julho, recebemos o relatório da escola, esperávamos um relatório que demonstrasse a evolução do nosso pequeno, mas foi um verdadeiro “balde de água fria”. O relatório continha pouquíssimo pontos positivos. Tivemos a impressão que a escola tinha ignorado completamente o diagnóstico de dislexia e déficit de atenção, bem como as recomendações do médico, pois em nenhum momento citaram os diagnósticos, apenas ressaltaram a leitura lenta, a dificuldade de entendimento do que lê, as trocas de letras, etc... Ressaltaram problemas que são inerentes aos disléxicos, sem citar o diagnóstico, sem citar a evolução que percebíamos, ficamos extremamente decepcionados.
Sinceramente, num primeiro momento, sentimos vontade de manifestar nossa indignação com o relatório, assinado pela professora e pela coordenadora - mas como professora deste ano sempre foi muito carinhosa com o pequeno, como no ano anterior havíamos tido muitos enfrentamentos com a coordenadora - resolvemos deixar passar.
No entanto, levamos o relatório para psicopedagoga que também ficou decepcionada, ela argumentou que muitas vezes a escola tinha dificuldade de aceitar e reconhecer a evolução de um aluno, principalmente, quando a solução para resolver o problema não havia partido dos membros da escola, etc. Argumentou também que o importante era que nós estávamos percebendo evolução do pequeno, disse para não comentarmos nada sobre o relatório na escola, etc. Concordamos com ela, mas ainda assim ficamos extremamente magoados com a escola.
No entanto, na quarta-feira desta semana, ao deixarmos o guerreiro na escola, a professora nos chamou e disse que a evolução do nosso pequeno era impressionante, disse que ele praticamente não precisava mais de ajuda nas provas, era um dos únicos que lembrava de elaborar respostas completas, estava muito bem em matemática, que até os professores de aulas especializadas (artes, música, ed. física e informática) estavam impressionados com ele. Oh meu Deus! Quanta alegria! Quanta satisfação! Vencemos mais uma batalha, mas a luta continua!
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Dislexia da Leitura - Decepção
Conhecendo o tratamento
Em 2007, assistimos a um programa de TV sobre dislexia da leitura. A forma como o tema foi abordado nos deixou bastante impressionados, falaram que o tratamento seguia uma proposta interdisciplinar com pedagogos, psicólogos e médicos. Durante o programa, a única coisa que estranhamos foi a superexposição de um menino de 8 anos, ele estava lá junto com a mãe e com a especialista em dislexia da leitura para comprovar a eficácia do tratamento.
Imaginamos que maravilha seria resolver os problemas de leitura do nosso pequeno com uma lente colorida. No entanto, por se tratar de um tratamento pouco convencional guardamos esta informação como um trunfo para ser utilizado mais adiante.
Marcação dos exames
No início deste ano, desesperados por não obter resultados com o nosso pequeno guerreiro - nas sessões com psicólogos, pedagogos e psicopedagogos - procuramos a clínica especializada em dislexia da leitura. A marcação de exames para o diagnóstico foi a seguinte:
1º dia - 08:00h Entrevista c/ psicóloga - 10:00h Consulta oftalmologica. Levar questionário preenchido, 3 paginas do caderno de matemática e do caderno de português, laudos médicos,etc. Valor R$ 61,25
2º dia - 5 exames - Campo visual,FDC,ortoptico,aberrometria e visão funcional - 08:00h à 12:00h. Valor R$550,14
3º dia - Avaliação neurovisual com a especialista - 8:00h às 10:30h. Valor R$767,00
Colocamos o cronograma acima para mostrar que nosso pequeno passou por muitos profissionais e um grande desgaste, os valores são um detalhe.
Aparte – Baixa auto-estima de criança com problemas de aprendizagem
Antes do relato da nossa caminhada na clínica de dislexia da leitura, cabe uma observação sobre a auto-estima das crianças com problemas de aprendizagem. Sabemos que há inúmeros artigos científicos que apontam para o grande número de crianças com problemas de aprendizagem com baixa auto estima. Nosso pequeno guerreiro não é diferente, em março deste ano, quando procuramos a clínica de dislexia da leitura, ele estava há 6 meses fazendo um tratamento psicológico para tratar questões de baixa estima. A orientação era reforçar seus pontos positivos, dizer a todo momento que ele era capaz, etc.
Na clínica - Primeiro dia
No primeiro dia na clínica fomos recebidos por uma psicóloga. A entrevista inicial era com os pais e a criança. Não disseram que a presença dos dois era obrigatória, no nosso caso apenas um de nós acompanhou o pequeno. Assim que entramos na sala, a psicóloga disparou inúmeras perguntas na frente do nosso pequeno ”Porque vocês estão aqui? Ele tem problemas na escola? A gravidez foi desejada? Teve problemas no parto? Problemas neurológicos? Ele lê de forma lenta? Ele escreve devagar? Ele não da conta de acompanhar os colegas, etc...
Meu Deus! Quanto despreparo para lidar com crianças com problemas de leitura! Estamos falando de crianças, não de adolescentes, estamos falando de um garoto de 7 anos! Nunca vimos uma coisa daquelas! Entrevista inicial junto com a criança! Pensamos que uma pessoa conversaria com o pai, outra com a criança, ou que em algum momento haveria um local para a criança ficar fazendo outra atividade. De repente, nos deparamos com um lugar onde não havia opção, a não ser falar tudo na frente do pequeno. Ora, não que ele não soubesse das dificuldades que tem, mas qual é o objetivo de reforçar isto na frente dele! Uma criança que já tem problemas de auto estima! Nosso discurso de que estávamos ali para ele ficar ainda melhor foi por água abaixo, assim como o tratamento para auto estima...
Meu Deus! Realmente éramos pais desesperados e cegos em busca de uma solução milagrosa! Na entrevista devíamos ter percebido que havia algo muito errado naquele lugar!
Após a entrevista, aguardamos a consulta com o médico. Como a proposta era interdisciplinar acreditamos que antes da consulta a psicóloga teria uma conversa com ele. Mas não! Assim que entramos na sala o médico disparou “Porque vocês estão aqui? Ele tem problemas na escola? A leitura é lenta? Mais um turbilhão de perguntas na frente do pequeno! Inacreditável!!!
Meu Deus! Realmente éramos pais desesperados e cegos em busca de uma solução milagrosa! Psicóloga e médico, não é possível! Devíamos ter percebido que havia algo muito errado naquele lugar!
Segundo dia
Logicamente, nosso guerreiro não queria mais um dia naquele lugar onde o tempo todo suas dificuldades eram ressaltadas. Mas como pais desesperados insistimos com o pequeno, como pais cegos não queríamos perder a oportunidade de estar na única clínica do Brasil que faz o diagnóstico de dislexia da leitura.
Era outro dia, acreditamos que o trabalho interdisciplinar ia prevalecer, provavelmente, a equipe havia conversado sobre o caso do nosso pequeno e não seriam feitas as mesmas perguntas.
Por acaso, encontramos com a pedagoga na recepção enquanto esperávamos mais uma consulta, ela perguntou algo como “Vocês estão aqui para fazer os exames relacionados a dislexia da leitura?” Ingenuamente respondemos “Sim!”. Inacreditavelmente, ali mesmo na recepção, diante de várias pessoas, diante do nosso pequeno, ela disparou “Ele tem problemas na escola? Ele tem problemas com a leitura?, etc...” Respondemos educadamente que já havíamos passado pela entrevista e a psicóloga já tinha todas as informações - cortamos a conversa!
Meu Deus! Realmente éramos pais desesperados e cegos em busca de uma solução milagrosa! Psicóloga, médico e pedagoga, não é possível! Devíamos ter percebido que havia algo muito errado naquele lugar!
Entramos na sala para mais um exame e a médica perguntou “Vocês estão aqui porque ele tem problemas na escola? Sem acreditar, educadamente e tentando dar um toque na médica respondemos “Não! No ano anterior ele teve muitos problemas, mas este ano ele está muito bem! Está fazendo a 2ª série novamente e é um ótimo aluno! Inacreditavelmente ela respondeu “Ah, ele está repetindo, então é por isto que agora ele está indo bem, repetiu o ano!
Meu Deus! Realmente éramos pais desesperados e cegos em busca de uma solução milagrosa! Psicóloga, médico, pedagoga, médica, não é possível! Devíamos ter percebido que havia algo muito errado naquele lugar!
A cegueira começou a se desfazer, saímos daquela sala e fomos procurar a dona da clínica e especialista em dislexia da leitura. Logicamente, ninguém queria fornecer o email, nem telefone para falarmos diretamente com a tal mulher, mas coincidentemente ela passou na nossa frente. Sim, aquela era especialista que vimos no programa TV.
Pedimos uma conversa reservada, falamos da nossa insatisfação desde a entrevista aos exames, da falta de habilidade para lidar com crianças... ela pareceu receptiva, no entanto, o dono da clínica, pai da especialista entrou na sala, ela disse que estávamos dando sugestões interessantes, mas o homem arrogante disse que o indivíduo deveria saber o que tinha, etc. Contra-argumentamos dizendo que o indivíduo era uma criança de 7 anos, que deveria saber o que tinha a partir de um diagnóstico. Ele prepotente disse que aquela era uma questão acadêmica, que talvez este fosse um problema do nosso filho. Mantivemos nossa postura, a questão era acadêmica sim, comprovadamente crianças com problemas de aprendizagem tem problemas de auto estima e nosso filho era uma destas crianças. A especialista, filha do dono da clinica, tentou contornar a situação e disse que ia conversar com a equipe.
Meu Deus! Realmente éramos pais desesperados em busca de uma solução milagrosa! Psicóloga, médico, pedagoga, médica, o dono da clinica, não é possível! Agora sim, percebemos que havia algo muito errado naquele lugar! Já não éramos cegos, mas ainda éramos desesperados! Não podíamos perder a oportunidade de estar na única clínica do Brasil que faz o diagnóstico e tratamento de dislexia da leitura.
Terceiro dia
Logicamente, nosso guerreiro resistiu a mais um dia naquele lugar onde o tempo todo suas dificuldades eram ressaltadas
Ainda tínhamos um exame antes da avaliação neurovisual com a especialista. Assim, por precaução, pedimos para falar antecipadamente com a pessoa que faria o exame para evitar que ele fizesse perguntas na frente do pequeno, mas disseram que não era possível, então pedimos que o recado fosse transmitido a ela.
Enquanto aguardávamos na recepção lotada de pessoas, sentados ao lado do nosso pequeno, aconteceu algo surreal, aproximou-se de nós uma moça perguntando “Vocês é que pediram para não falar nada na frente da criança?” Despistamos, fizemos um sinal dizendo que não, mas ela insistiu “Foram vocês sim, pediram para não falar na frente da criança que ela tem dificuldade de leitura, eu queria dizer que eu não faço isto não! Eu não falo nada disso!” Não deu pra segurar e disparamos “Ah, não fala não! Então o que é que você está fazendo agora?” ela “Eu sou estou falando porque vocês foram lá falar” Nesta hora nos perdemos o controle, a vontade era de bater naquela mulher, mas olhamos para o pequeno e dizemos “Filho, esta moça é louca! Aqui está cheio de gente louca, desculpe-nos por trazermos você aqui”!
Meu Deus! Realmente éramos pais desesperados em busca de uma solução milagrosa! Psicóloga, médico, pedagoga, médica, o dono da clinica, a moça que faz um tal exame. Estava tudo errado naquele lugar! Mas desesperados não podíamos perder a oportunidade de estar na única clínica do Brasil que faz o diagnóstico e tratamento de dislexia da leitura
Chegada a etapa com a especialista, mas para nossa surpresa quem fazia a tal avaliação neurovisual era uma assistente. Ela entrou com o nosso pequeno numa sala, nós ficamos do lado de fora.
Cabe um aparte - não é segredo que crianças com dificuldades de leitura tem resistência a leitura, cansam-se facilmente, tem horror da leitura oral, principalmente na frente de desconhecidos. Pois é, mas a tal assistente, entrou com nosso pequeno numa sala para fazer os testes com as lentes milagrosas, por 2 horas nosso pequeno teve que ler textos com lentes de cores diferentes. Depois de um intervalo, ele pediu pelo amor de Deus para acabarmos com aquilo, mas os pais desesperados insistiram e ele ficou mais 1 hora fazendo testes.
Terminada esta etapa, veio a hora do show, a especialista, dona da clinica no levou para uma sala e fez uma apresentação sobre dislexia da leitura e Síndrome de Irlen. Naquele momento, confirmamos nossa suspeita, somente ela tinha acesso a todos os exames e a entrevista, na verdade, não havia uma equipe com psicólogo, pedagogo e médico para discutir juntos um caso, eles apenas seguiam um protocolo e não haviam sido preparados para isto. Após a propaganda dos filtros, a especialista falou sobre os resultados de nosso pequeno, disse que com o filtro ele lia cerca de 22% a mais de palavras em determinado tempo. Disse que eles esperavam resultados melhores, que ele deveria ter outro problema além da Síndrome de Irlem, citou vários distúrbios, inclusive a dislexia. Perguntamos se ele tinha dislexia e ela disse “Não sabemos, porque nós fazemos o diagnóstico de Síndrome de Irlen, diagnóstico de dislexia nos não fazemos!”. No final a especialista indicou para nosso pequeno uma lente cinza claro, quase branca, valor R$ 1.500,OO.
Em casa
Saímos de lá, conversamos bastante, analisamos a situação e decidimos não fazer as lentes. Chegamos a conclusão que nosso pequeno ficou horas e horas testando lentes porque não havia lente que resolvesse seu problema, por isto a lente quase branca.
Descobrimos da pior forma, expondo nosso pequeno, que tudo aquilo era uma ilusão, aquele lugar explorava pessoas desesperadas em busca de uma solução milagrosa para um problema complexo. Acordamos, precisávamos colocar a cabeça no lugar, deixar o desespero de lado e continuar a caminhada para ajudar nosso pequeno guerreiro. Hoje, sabemos que o problema do nosso pequeno é o déficit de atenção e dislexia, nos últimos meses ele avançou muito, mas nossa luta continua...
Sindrome de Irlen?
Após esta triste experiência conversamos com vários oftalmologistas respeitados daqui de BH, um deles professor titular na UFMG, eles foram categóricos ao afirmar que não há comprovação científica sobre a eficácia das tais lentes coloridas. Disseram que justamente porque não há comprovação científica a clínica promove curso somente para educadores e nunca para área médica porque sabem que serão criticados. Abominam a propaganda que a clínica faz nas escolas, inclusive um deles nos passou um artigo da The American Academy of Ophthalmology sobre a inconsistência dos estudos relacionados a Síndrome de Irlen. Segue o link:
http://www.eyecareamerica.org/eyecare/treatment/alternative-therapies/vision-therapies-learning-disabilities.cfm
Em 2007, assistimos a um programa de TV sobre dislexia da leitura. A forma como o tema foi abordado nos deixou bastante impressionados, falaram que o tratamento seguia uma proposta interdisciplinar com pedagogos, psicólogos e médicos. Durante o programa, a única coisa que estranhamos foi a superexposição de um menino de 8 anos, ele estava lá junto com a mãe e com a especialista em dislexia da leitura para comprovar a eficácia do tratamento.
Imaginamos que maravilha seria resolver os problemas de leitura do nosso pequeno com uma lente colorida. No entanto, por se tratar de um tratamento pouco convencional guardamos esta informação como um trunfo para ser utilizado mais adiante.
Marcação dos exames
No início deste ano, desesperados por não obter resultados com o nosso pequeno guerreiro - nas sessões com psicólogos, pedagogos e psicopedagogos - procuramos a clínica especializada em dislexia da leitura. A marcação de exames para o diagnóstico foi a seguinte:
1º dia - 08:00h Entrevista c/ psicóloga - 10:00h Consulta oftalmologica. Levar questionário preenchido, 3 paginas do caderno de matemática e do caderno de português, laudos médicos,etc. Valor R$ 61,25
2º dia - 5 exames - Campo visual,FDC,ortoptico,aberrometria e visão funcional - 08:00h à 12:00h. Valor R$550,14
3º dia - Avaliação neurovisual com a especialista - 8:00h às 10:30h. Valor R$767,00
Colocamos o cronograma acima para mostrar que nosso pequeno passou por muitos profissionais e um grande desgaste, os valores são um detalhe.
Aparte – Baixa auto-estima de criança com problemas de aprendizagem
Antes do relato da nossa caminhada na clínica de dislexia da leitura, cabe uma observação sobre a auto-estima das crianças com problemas de aprendizagem. Sabemos que há inúmeros artigos científicos que apontam para o grande número de crianças com problemas de aprendizagem com baixa auto estima. Nosso pequeno guerreiro não é diferente, em março deste ano, quando procuramos a clínica de dislexia da leitura, ele estava há 6 meses fazendo um tratamento psicológico para tratar questões de baixa estima. A orientação era reforçar seus pontos positivos, dizer a todo momento que ele era capaz, etc.
Na clínica - Primeiro dia
No primeiro dia na clínica fomos recebidos por uma psicóloga. A entrevista inicial era com os pais e a criança. Não disseram que a presença dos dois era obrigatória, no nosso caso apenas um de nós acompanhou o pequeno. Assim que entramos na sala, a psicóloga disparou inúmeras perguntas na frente do nosso pequeno ”Porque vocês estão aqui? Ele tem problemas na escola? A gravidez foi desejada? Teve problemas no parto? Problemas neurológicos? Ele lê de forma lenta? Ele escreve devagar? Ele não da conta de acompanhar os colegas, etc...
Meu Deus! Quanto despreparo para lidar com crianças com problemas de leitura! Estamos falando de crianças, não de adolescentes, estamos falando de um garoto de 7 anos! Nunca vimos uma coisa daquelas! Entrevista inicial junto com a criança! Pensamos que uma pessoa conversaria com o pai, outra com a criança, ou que em algum momento haveria um local para a criança ficar fazendo outra atividade. De repente, nos deparamos com um lugar onde não havia opção, a não ser falar tudo na frente do pequeno. Ora, não que ele não soubesse das dificuldades que tem, mas qual é o objetivo de reforçar isto na frente dele! Uma criança que já tem problemas de auto estima! Nosso discurso de que estávamos ali para ele ficar ainda melhor foi por água abaixo, assim como o tratamento para auto estima...
Meu Deus! Realmente éramos pais desesperados e cegos em busca de uma solução milagrosa! Na entrevista devíamos ter percebido que havia algo muito errado naquele lugar!
Após a entrevista, aguardamos a consulta com o médico. Como a proposta era interdisciplinar acreditamos que antes da consulta a psicóloga teria uma conversa com ele. Mas não! Assim que entramos na sala o médico disparou “Porque vocês estão aqui? Ele tem problemas na escola? A leitura é lenta? Mais um turbilhão de perguntas na frente do pequeno! Inacreditável!!!
Meu Deus! Realmente éramos pais desesperados e cegos em busca de uma solução milagrosa! Psicóloga e médico, não é possível! Devíamos ter percebido que havia algo muito errado naquele lugar!
Segundo dia
Logicamente, nosso guerreiro não queria mais um dia naquele lugar onde o tempo todo suas dificuldades eram ressaltadas. Mas como pais desesperados insistimos com o pequeno, como pais cegos não queríamos perder a oportunidade de estar na única clínica do Brasil que faz o diagnóstico de dislexia da leitura.
Era outro dia, acreditamos que o trabalho interdisciplinar ia prevalecer, provavelmente, a equipe havia conversado sobre o caso do nosso pequeno e não seriam feitas as mesmas perguntas.
Por acaso, encontramos com a pedagoga na recepção enquanto esperávamos mais uma consulta, ela perguntou algo como “Vocês estão aqui para fazer os exames relacionados a dislexia da leitura?” Ingenuamente respondemos “Sim!”. Inacreditavelmente, ali mesmo na recepção, diante de várias pessoas, diante do nosso pequeno, ela disparou “Ele tem problemas na escola? Ele tem problemas com a leitura?, etc...” Respondemos educadamente que já havíamos passado pela entrevista e a psicóloga já tinha todas as informações - cortamos a conversa!
Meu Deus! Realmente éramos pais desesperados e cegos em busca de uma solução milagrosa! Psicóloga, médico e pedagoga, não é possível! Devíamos ter percebido que havia algo muito errado naquele lugar!
Entramos na sala para mais um exame e a médica perguntou “Vocês estão aqui porque ele tem problemas na escola? Sem acreditar, educadamente e tentando dar um toque na médica respondemos “Não! No ano anterior ele teve muitos problemas, mas este ano ele está muito bem! Está fazendo a 2ª série novamente e é um ótimo aluno! Inacreditavelmente ela respondeu “Ah, ele está repetindo, então é por isto que agora ele está indo bem, repetiu o ano!
Meu Deus! Realmente éramos pais desesperados e cegos em busca de uma solução milagrosa! Psicóloga, médico, pedagoga, médica, não é possível! Devíamos ter percebido que havia algo muito errado naquele lugar!
A cegueira começou a se desfazer, saímos daquela sala e fomos procurar a dona da clínica e especialista em dislexia da leitura. Logicamente, ninguém queria fornecer o email, nem telefone para falarmos diretamente com a tal mulher, mas coincidentemente ela passou na nossa frente. Sim, aquela era especialista que vimos no programa TV.
Pedimos uma conversa reservada, falamos da nossa insatisfação desde a entrevista aos exames, da falta de habilidade para lidar com crianças... ela pareceu receptiva, no entanto, o dono da clínica, pai da especialista entrou na sala, ela disse que estávamos dando sugestões interessantes, mas o homem arrogante disse que o indivíduo deveria saber o que tinha, etc. Contra-argumentamos dizendo que o indivíduo era uma criança de 7 anos, que deveria saber o que tinha a partir de um diagnóstico. Ele prepotente disse que aquela era uma questão acadêmica, que talvez este fosse um problema do nosso filho. Mantivemos nossa postura, a questão era acadêmica sim, comprovadamente crianças com problemas de aprendizagem tem problemas de auto estima e nosso filho era uma destas crianças. A especialista, filha do dono da clinica, tentou contornar a situação e disse que ia conversar com a equipe.
Meu Deus! Realmente éramos pais desesperados em busca de uma solução milagrosa! Psicóloga, médico, pedagoga, médica, o dono da clinica, não é possível! Agora sim, percebemos que havia algo muito errado naquele lugar! Já não éramos cegos, mas ainda éramos desesperados! Não podíamos perder a oportunidade de estar na única clínica do Brasil que faz o diagnóstico e tratamento de dislexia da leitura.
Terceiro dia
Logicamente, nosso guerreiro resistiu a mais um dia naquele lugar onde o tempo todo suas dificuldades eram ressaltadas
Ainda tínhamos um exame antes da avaliação neurovisual com a especialista. Assim, por precaução, pedimos para falar antecipadamente com a pessoa que faria o exame para evitar que ele fizesse perguntas na frente do pequeno, mas disseram que não era possível, então pedimos que o recado fosse transmitido a ela.
Enquanto aguardávamos na recepção lotada de pessoas, sentados ao lado do nosso pequeno, aconteceu algo surreal, aproximou-se de nós uma moça perguntando “Vocês é que pediram para não falar nada na frente da criança?” Despistamos, fizemos um sinal dizendo que não, mas ela insistiu “Foram vocês sim, pediram para não falar na frente da criança que ela tem dificuldade de leitura, eu queria dizer que eu não faço isto não! Eu não falo nada disso!” Não deu pra segurar e disparamos “Ah, não fala não! Então o que é que você está fazendo agora?” ela “Eu sou estou falando porque vocês foram lá falar” Nesta hora nos perdemos o controle, a vontade era de bater naquela mulher, mas olhamos para o pequeno e dizemos “Filho, esta moça é louca! Aqui está cheio de gente louca, desculpe-nos por trazermos você aqui”!
Meu Deus! Realmente éramos pais desesperados em busca de uma solução milagrosa! Psicóloga, médico, pedagoga, médica, o dono da clinica, a moça que faz um tal exame. Estava tudo errado naquele lugar! Mas desesperados não podíamos perder a oportunidade de estar na única clínica do Brasil que faz o diagnóstico e tratamento de dislexia da leitura
Chegada a etapa com a especialista, mas para nossa surpresa quem fazia a tal avaliação neurovisual era uma assistente. Ela entrou com o nosso pequeno numa sala, nós ficamos do lado de fora.
Cabe um aparte - não é segredo que crianças com dificuldades de leitura tem resistência a leitura, cansam-se facilmente, tem horror da leitura oral, principalmente na frente de desconhecidos. Pois é, mas a tal assistente, entrou com nosso pequeno numa sala para fazer os testes com as lentes milagrosas, por 2 horas nosso pequeno teve que ler textos com lentes de cores diferentes. Depois de um intervalo, ele pediu pelo amor de Deus para acabarmos com aquilo, mas os pais desesperados insistiram e ele ficou mais 1 hora fazendo testes.
Terminada esta etapa, veio a hora do show, a especialista, dona da clinica no levou para uma sala e fez uma apresentação sobre dislexia da leitura e Síndrome de Irlen. Naquele momento, confirmamos nossa suspeita, somente ela tinha acesso a todos os exames e a entrevista, na verdade, não havia uma equipe com psicólogo, pedagogo e médico para discutir juntos um caso, eles apenas seguiam um protocolo e não haviam sido preparados para isto. Após a propaganda dos filtros, a especialista falou sobre os resultados de nosso pequeno, disse que com o filtro ele lia cerca de 22% a mais de palavras em determinado tempo. Disse que eles esperavam resultados melhores, que ele deveria ter outro problema além da Síndrome de Irlem, citou vários distúrbios, inclusive a dislexia. Perguntamos se ele tinha dislexia e ela disse “Não sabemos, porque nós fazemos o diagnóstico de Síndrome de Irlen, diagnóstico de dislexia nos não fazemos!”. No final a especialista indicou para nosso pequeno uma lente cinza claro, quase branca, valor R$ 1.500,OO.
Em casa
Saímos de lá, conversamos bastante, analisamos a situação e decidimos não fazer as lentes. Chegamos a conclusão que nosso pequeno ficou horas e horas testando lentes porque não havia lente que resolvesse seu problema, por isto a lente quase branca.
Descobrimos da pior forma, expondo nosso pequeno, que tudo aquilo era uma ilusão, aquele lugar explorava pessoas desesperadas em busca de uma solução milagrosa para um problema complexo. Acordamos, precisávamos colocar a cabeça no lugar, deixar o desespero de lado e continuar a caminhada para ajudar nosso pequeno guerreiro. Hoje, sabemos que o problema do nosso pequeno é o déficit de atenção e dislexia, nos últimos meses ele avançou muito, mas nossa luta continua...
Sindrome de Irlen?
Após esta triste experiência conversamos com vários oftalmologistas respeitados daqui de BH, um deles professor titular na UFMG, eles foram categóricos ao afirmar que não há comprovação científica sobre a eficácia das tais lentes coloridas. Disseram que justamente porque não há comprovação científica a clínica promove curso somente para educadores e nunca para área médica porque sabem que serão criticados. Abominam a propaganda que a clínica faz nas escolas, inclusive um deles nos passou um artigo da The American Academy of Ophthalmology sobre a inconsistência dos estudos relacionados a Síndrome de Irlen. Segue o link:
http://www.eyecareamerica.org/eyecare/treatment/alternative-therapies/vision-therapies-learning-disabilities.cfm
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